segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O uso de cores vibrantes na arquitetura contemporânea continua inspirando gerações


O uso da cor na arquitetura não é exatamente uma novidade. Mas arquitetos contemporâneos vêm encontrando maneiras cada vez mais originais de inseri-las nos projetos. Apesar dos exemplos ainda isolados, a arquitetura atual tem abraçado as cores vibrantes sem preconceito, como a francesa Emmanuelle Moureaux, criadora de um conceito batizado de shikiri.

Brandhorst Museum, 2009, Munique, projeto de Sauerbruch Hutton cuja fachada ostenta 23 matizes diferentes, distribuídos em 36 mil bastões verticais de cerâmica vitrificada.

A expressão, que vem da fusão de dois ideogramas japoneses, significa dividir espaços usando cores. “Esse princípio permeia meus trabalhos”, afirma a arquiteta, conhecida pela atmosfera lúdica dos projetos que assina para clientes tão diferentes entre si como as agências do Banco Sugamo Shinkin e as lojas Issey Miyake. Outros nomes relevantes nessa onda colorida são os dos escritórios Sauerbruch Hutton, de Berlim, e o KOZ, de Paris, que ilustram esta matéria.



 Agências do Banco Sugamo Shinkin Bank, Japão.

Centro de Esportes e Lazer de St. Cloud na França, 2010, do escritório KOZ, com fachada principal de painéis laminados de vidro, que varia do verde ao vermelho.

Centro de Esportes e Lazer de St. Cloud na França, 2010, projeto mais colorido do escritório KOZ.

Quem mais se destacou pelo uso de uma paleta vibrante na arquitetura do século 20 foi o mexicano Luis Barragán (1902-1988). Ao introduzir as cores da cultura popular do país natal em seus projetos, o ganhador do prêmio Pritzker de 1980 quebrou o rigor da arquitetura moderna – como mostra sua residência, construída em 1948 na Cidade do México, Patrimônio da Humanidade (Unesco) desde 2004, e hoje transformada em museu. 

Casa López – Luis Barragán

“No Brasil, foram os azulejos azuis e brancos de Portinari que permitiram o uso da cor na nossa primeira grande obra modernista, o Ministério da Educação e Cultura, atual Edifício Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, prédio de 1945. Mas a primeira proposta marcante do estilo é o Masp, de 1968, com o vermelho que Lina Bo Bardi escolheu para os quatro pilotis [eles, no entanto, foram coloridos apenas em 1990]”, explica o crítico de arquitetura André Corrêa do Lago.

 Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro

A herança modernista privilegiou o branco ou o tom natural dos materiais aparentes, mas há exceções, como Vilanova Artigas (1915-1985). “Para ele, a cor desempenhava um papel estruturador do espaço, indo além do meramente decorativo”, pontua a filha do arquiteto, a historiadora Rosa Artigas. Adepto do azul, do vermelho e do amarelo, Artigas elegeu essas tonalidades para obras como o Edifício Louveira, de 1946, em São Paulo. Outro exemplo é a Casa Bettega, em Curitiba, de 1951, que possui o exterior inteiramente pintado de vermelho.

Residência para João Luiz Bettega, por Villanova Artigas, em Curitiba.

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